Uma história de fantasmas diferente

Existe beleza na melancolia? Sim, existe! Sombras da Vida prova como a tristeza pode ser bela, mas isso depende do ponto de vista de cada espectador. Enquanto assistia, refletia sobre o legado que estou construindo peça por peça, será que serei lembrada daqui 100 anos? E daqui 500 anos? Provavelmente não. Conforme os séculos forem passando, todos seremos esquecidos (salvo algumas exceções), então porque tantas pessoas se sentem superiores perante outras, se nada somos e todos seremos esquecidos?!

Sombras da Vida é filme sobre existencialismo. A figura do fantasma com lençol branco faz todo sentido conforme a trama se desenvolve. O fantasma é um mero coadjuvante, mas ao mesmo tempo é peça fundamental desse tabuleiro que gira em torno do devir, ou seja, vir a ser.

A fotografia é perfeita, as paletas em tons pastéis e amareladas e o formato quadrangular da imagem com pontas arredondadas deixa a sensação de estarmos assistindo algo antigo, tipo Polaroid. Somos voyeurs do fantasma e, ele transmite tanta melancolia que em determinados momentos dá vontade de arrancar o fantasma do filme. É muito triste observar a solidão de alguém, mesmo que esse alguém já não exista mais na forma física.

A trilha sonora é magnifica, emociona ao transmitir os sons que o fantasma não consegue dar. Também vale destacar que Sombras da Vida é um filme de poucas falas, tudo a ver com a verdadeira intenção do enredo que é mostrar um fantasma observando coisas passando pelo ambiente.

Resumo Sombras da Vida como um filme peculiar, contemplativo, sensorial, uma poesia em movimento. Certamente não vai agradar todos os públicos, porque é um filme feito para ser sentido e não compreendido. Instiga reflexões sobre o existir, sobre nossa finitude de cada dia.