domingo, março 07, 2021
1922 (2017): sobre culpas e remorsos
1922 é um suspense psicológico escrito e dirigido por Zak Hilditch, de Cascavel (2019) e As Horas Finais (2013). O roteiro foi baseado no conto "1922" que faz parte do livro "Escuridão Total, Sem Estrelas" de Stephen King.
Sinopse - O ano é 1922. Wilfred James (Thomas Jane) é um fazendeiro de princípios questionáveis. No passado, ele teve uma família estruturada. No presente, lamenta a perda de tudo que amava por causa de erros imperdoáveis.
Sua desgraça começa quando a esposa Arlette (Molly Parker) decide vender os 40 hectares de sua herança e levar Henry (Dylan Schmid), filho do casal, para viver na cidade. Porém, Wilfred arquiteta um plano tenebroso e envolve Henry no seu devaneio.
Juntos, pai e filho matam Arlette como se a mulher fosse um animal; uma cena brutal, fria e forte. Com o passar dos dias, o remorso começa a invadir a mente dos assassinos. O fazendeiro evita demonstrar qualquer tipo de remorso na frente dos outros, enquanto Henry deixa transparecer que a culpa o destrói por dentro.
Enquanto a polícia local e os vizinhos imaginam que Arlette está desfrutando sua herança na cidade, Wilfred se esforça para esconder qualquer evidência do crime, mas... sua vida começa a desandar, ele vai parar no fundo poço onde enterrou sua esposa, com direito a ratos e um espírito sedento de vingança.
Ótima adaptação de um conto de Stephen King
1922 não me decepcionou em momento algum. O filme conseguiu transferir da escrita para a tela todo o efeito devastador que a culpa e o remorso provocaram no protagonista. A imagem do corpo da mulher em decomposição passa a persegui-lo, e nós, meros espectadores, não sabemos se aquela assombração é real ou é apenas fruto do remorso que assola a vida de Wilfred.
O filme mostra com total clareza que, cada ato gera uma consequência. Não existe crime perfeito, porque mesmo que todas as evidências sejam apagadas, a própria consciência do autor o denuncia. Em 1922 o terror não é explícito, está nos detalhes, na maneira como vai ocorrendo a degradação dos personagens. Quer terror pior que carregar diariamente o sentimento da culpa?
Não tenho dúvida que 1922 é um dos melhores filmes originais da Netflix. Um presentão para todos nós fãs de Stephen King, onde a dor e o pavor permeiam toda a trama. É uma história de um homem ganancioso que plantou sementes de morte e colheu a culpa como punição.
"Espero que não haja um Deus. Acho que todos os assassinos esperam isso, porque se não existir o céu, não existe o inferno."
Ficha técnica
Título original: 1922Duração: 102 minutos
Gênero: Suspense, Drama, Mistério
Classificação indicativa: 16 anos
País de origem: Estados Unidos da América
Ano de lançamento: 2017