Sinopse - Conhecemos Leda Caruso (Olivia Colman), uma professora universitária que aproveitando férias na Grécia. Sua tranquilidade é abalada quando Elena (Athena Martin), uma garotinha de 3 anos de idade se perde dos pais. Leda ajuda nas buscas, encontra a criança e devolve para a mãe, Nina (Dakota Johnson). 

Por algum motivo particular, Leda esconde da menina sua boneca de estimação. Lyle (Ed Harris), o zelador de seu hotel, vê Leda com a boneca, mas opta por guardar segredo. 

Enquanto Nina tenta acalmar a filha que encontra-se inconformada por conta da boneca, Leda torna-se próxima delas e suas memórias veem à tona. Através de flashbacks, conhecemos a Leda (Jessie Buckley) de vinte e poucos anos que tem um relacionamento conturbado com suas filhas Bianca (Robyn Elwell) e Martha (Ellie Blake), e aos poucos descobrimos os motivos que a levou a fazer uma escolha drástica. 

A Filha Perdida é sobre uma mãe que sentindo-se sufocada com o fardo da maternidade, preferiu sair de cena, deixando as crianças aos cuidados do pai. Ao meu ver, Leda fez a escolha certa, às vezes é melhor se afastar do que permanecer sendo uma pessoa tóxica na vida dos filhos. A maternidade é romantizada pela sociedade que enxerga o dom materno em todas as mulheres, mas o filme vem justamente quebrar esses paradigmas, expondo diante de nossos olhos todos os dessabores de ser mãe.

A lentidão do filme desagradou muitos espectadores, não nego que também achei o filme bastante lento, por outro lado, se o ritmo fosse mais acelerado não seria possível captar todas as nuances que a obra oferece. A Filha Perdida é um filme de camadas. O enredo é inquietante e desconfortável, com personagens complexos e espinhosos e nem todos estão aptos para mergulhar nas profundezas de suas mentes instáveis.

Maggie Gyllenhaal capta através de suas lentes toda a pressão da maternidade e nos brinda com um drama psicológico de alto valor. A personagem Leda expressa através do olhar a frustração que algumas mulheres sentem em relação a maternidade. Ter filhos qualquer mulher pode, mas ser mãe é para poucas. Eu optei por não ter filhos e foi a decisão mais acertada que fiz.

Embora tenha falhas, A Filha Perdida é um ótimo filme que carrega uma infinidade de significados. O desfecho nada convencional consegue escancarar os traumas que a maternidade pode ocasionar em mulheres que não estavam preparadas para serem mães.