Sinopse - Vemos um grupo de crianças brincando, numa belíssima paisagem rural na região da Toscana, em 1970. E nos primeiros minutos da trama, uma tragédia acontece, antes mesmo dos créditos iniciais. Mirco (Luca Capriotti) é um garoto toscano de 10 anos que é apaixonado pelo cinema, mas essa tragédia acontece com ele, filho único de um casal pobre. 

O garotinho Mirco acaba por perder quase toda a visão, enxergando apenas vultos. Por conta disso, e pela lei vigente na época (início da década de 70), ele fica impedido de continuar seus estudos na cidade natal. Pois terá que frequentar uma instituição que atenda aos deficientes visuais. Assim deixa a bela região da Toscana, para ficar internado numa escola especializada em Gênova, longe dos pais e amigos.

Como se não bastasse todos esses desafios, o instituto em que Mirco vai estudar tem como Diretor um homem ranzinza. Que aparentemente, não superou sua deficiência visual e faz algo indigno de um Educador. Ele obscurece as aspirações das crianças em sua instituição, limitando até os cursos profissionalizantes oferecidos. 

Por meio de um programa centralizado e burocrático, as crianças eram doutrinadas a obedecer, rezar e aprender um ofício manual, como empalhar cadeiras. Essa situação incomodava o padre e professor Giulio (Paolo Sassanelli), inspirador de Mirco na escola e simpatizante dos novos ares que começavam a passar pela educação italiana.

E, ao longo da trama, o que esses garotos cegos vão fazer é nos mostrar que eles são normais, que, antes de tudo, são crianças cheias de vida e sonhos, alegres e muito travessas, independentemente de suas condições físicas.

O talento de Mirco acaba contagiando e envolvendo as outras crianças, que juntos preparam algo incrível para a apresentação de fim de ano, tendo a presença dos pais.

Mas a história de Mirco acabaria sendo importante para a grande História Italiana: pois em 1975, cinco anos após o início da ação, a legislação italiana foi alterada e permitiu que deficientes visuais pudessem estudar em escolas públicas normais.

Vermelho Como o Céu é um filme tocante, sensível, poético e repleto de lirismo, e sem ser apelativo em nenhum momento. Destaque para os sons e ruídos das mais diversas naturezas captados no filme, como o canto dos passarinhos, o barulho da água caindo do chuveiro e do vento pela fresta da janela, a luta épica com escumadeiras, talheres e panelas... 

Simplesmente emocionante. O filme termina e ficamos contemplado a obra com um sorriso nos olhos e sensação da alma purificada. Vale muito a pena assistir essa joia rara do cinema italiano.