As Horas (2002): sobre prisões e libertação - Dicas de Filmes Pela Scheila

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domingo, abril 10, 2022

As Horas (2002): sobre prisões e libertação

As Horas é um filme poético, comovente e provoca uma delicada reflexão sobre desespero e esperança. Foi dirigido por Stephen Daldry a partir do roteiro de David Hare sendo baseado no livro homônimo de Michael Cunninghan que buscou inspirações no romance Mrs Dalloway de Virginia Woolf.

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Meryl Steep e Ed Harris em cena no filme "As Horas"

Sinopse - Acompanhamos um dia na vida de três mulheres em períodos diferentes, mas que todas se entrelaçam através do livro Mrs Dalloway de Virginia Woolf. Trata-se de uma mulher que escreve o livro, Virginia Woolf (Nicole Kidman), uma mulher que gostaria de ser a personagem do livro, Laura Brown (Julianne Moore) e uma mulher que vive o livro em sua vida, Clarissa Vaughan (Meryl Steep).

Os espaços temporais são bem distintos, sendo intercalados perfeitamente na trama. Conhecemos Virginia Woolf, a autora do livro, que vive em 1923. Ela morava em Londres, mas devido recomendações médicas acaba sendo afastada da cidade e se sente cada dia mais infeliz, chegando ao ponto de tentar tirar sua própria vida.

Em 1949 vive Laura Brown, ela mora em Los Angeles e está desesperada, afinal, vive um casamento de aparências. Mesmo com um filho e grávida de outro, Laura coagita suicídio para escapar daquela vida medíocre que levava ao lado do marido.

Em 2001 está Clarissa Vaughan, editora de livros bem sucedida e que vive um relacionamento lésbico de longa data. Clarissa está preparando uma festa para homenagear o poeta Richard Brown (Ed Harris), seu ex-namorado e melhor amigo. 

Richard encontra-se deprimido e muito doente, ele tem AIDS e mora sozinho num apartamento frio e pequeno. Clarissa se depara com a sensação deprimente daquela situação fútil da festa e deseja que as horas passem o mais rápido possível.

Um filme de alma feminina

Retrata sentimentos e acontecimentos numa história não linear, onde o tempo e espaço é apenas um simples detalhe. Três mulheres de diferentes épocas, mas que enfrentam os mesmos conflitos e buscam se libertar das prisões, mas haverá consequências. O desespero destas três mulheres só aumenta com o passar das horas. Horas que não trazem nenhuma esperança de que algo bom possa acontecer. Ansiedade, solidão, infelicidade, desencanto e morte. "Alguém tem que morrer para que os outros valorizem a vida."

Os desafios e conflitos enfrentados por essas três mulheres do filme, são universais. Cada uma delas luta do seu jeito para dar sentido a sua existência. "Encarar a vida de frente. Sempre encarrar de frente e conhecê-la como é. Enfim, conhecê-la. Amá-la pelo que ela é. E depois descartá-la. Sempre os anos entre nós. Sempre os anos. Sempre o amor. Sempre as horas."

As Horas é um filme de alma feminina muito difícil de descrever em palavras, pois a magia da história está nas cenas. Cenas impossíveis de explicar, devem ser apenas sentidas. O que são as horas? Qual o valor que damos as horas? Às vezes só percebemos o seu valor no momento que percebemos que as horas se perderam para sempre. 

"Eu me lembro de uma manhã, levantando de madrugada, onde havia uma sensação de possibilidade. Sabe aquele sentimento? E eu me lembro de pensar comigo mesma: Então, este é o início da felicidade. Este é o começo. E, claro, haverá sempre mais. Nunca me ocorreu que não era o começo. Era a felicidade. Foi o momento.

Ficha técnica

Título original: The Hours
Duração: 114 minutos
Gênero: Drama
Classificação indicativa: 14 anos
País de origem: Estados Unidos da América
Ano de lançamento: 2002