Lançado em 2018, "In Fabric" é uma comédia de terror interessantíssima do diretor Peter Strickland. O roteiro escrito também por Strickland é uma verdadeira viagem onírica ao universo consumista.

O filme é dividido em duas partes e o vestido vermelho é o principal personagem: a primeira parte apresenta Sheila (Marianne Jean-Baptiste), funcionária de um banco recentemente divorciada que vive com seu filho Vince (Jaygann Ayeh), um rapaz impulsivo que namora Gwen (Gwendoline Christie), uma mulher grosseira e mal-educada.

Sheila sofre frequentes abusos de trabalho por seus chefes Stash (Julian Barratt) e Clive (Steve Oram). Cansada das humilhações, ela decide buscar novos ares, para isso vai até uma loja de departamentos para escolher uma roupa nova afim de usar no seu encontro com Zach (Barry Adamson).

A enigmática balconista da loja, Srta. Luckmoore (Fatma Mohamed) convence Sheila a comprar um vestido vermelho (tão bonito quanto fatídico). Depois de experimentar o vestido, Sheila vai experimentar momentos nada prazerosos que vão mudar tragicamente a sua vida para sempre.

A segunda parte do filme apresenta Reg Speaks (Leo Bill), um rapaz que está de casamento marcado com Babs (Hayley Squires). Os amigos de Reg fazem uma despedida de solteiro e o obrigam a usar um vestido vermelho comprado em um brechó (o mesmo vestido fatídico). No dia seguinte, sua noiva também fica hipnotizada com o vestido. A partir daí a vida deles mudará tragicamente.

 

"Vestido Maldito" é um filme que agrada alguns e desagrada outros. A maneira onírica como a história é contada, sem deixar de lado o tom crítico me agradou bastante. A crítica ao consumismo exagerado é mostrado através de alegorias psicodélicas que seduz o consumidor para depois escravizá-lo. 

Os figurinos sinistros das vendedoras nos dão uma visão do quanto o universo da moda é assustador. A crueldade por trás das falas açucaradas induz o público a refletir sobre como é enganado dentro do cenário da moda, isso ocorre também pela mídia que usa anúncios sedutores para hipnotizar seus alvos. Outro ponto que me agradou bastante foi a paleta de cores: tons quentes para as funcionárias da loja de roupas e tons sóbrios para as vítimas do vestido.

Por fim, "Vestido Maldito" é um filme petulante e debochado, que diverte ao mesmo tempo que induz o espectador a refletir sobre o consumismo. A trama possui alguns erros, mas nada que comprometa essa viagem psicodélica ao mundo da moda.