sexta-feira, dezembro 11, 2020
Filme: Fahrenheit 451 (1966)
Lançado em 1966, "Fahrenheit 451" é um clássico excelente, tão bom quanto o livro homônimo de Ray Bradbury, publicado em 1953, que deu origem ao filme. Dirigido por François Truffaut, um dos melhores cineastas de todos os tempos, que também é um grande poeta. Truffaut também assinou o roteiro em parceria com Jean-Louis Richard.
A trama se passa num futuro distópico, onde todos os livros são considerados perigosos para a humanidade, sob o argumento de que fazem as pessoas infelizes. É nesse cenário que conhecemos Guy Montag (Oskar Werner), um bombeiro que tem a função de queimar qualquer material impresso.
Montag incendia todos livros que encontra e nunca sentiu nenhuma vontade de ler. Certo dia ele conversa Clarissa (Julie Christie), uma professora estagiária que o acompanha todos os dias no trajeto do trabalho até sua casa. A moça é curiosa e passa a questioná-lo sobre sua profissão, ela afirma que no passado os bombeiros era responsáveis por apagar incêndios, não atirar os livros no fogo.
Clarissa também lhe pergunta se ele é feliz Montag segue para sua casa pensativo. Ele é casado com Linda (Julie Christie), uma mulher alienada pelos programas de TV que interagem com os espectadores, chamando-os de primos. A vida do casal é totalmente vazia e sem graça.
O bombeiro tenta convencer sua esposa do quão importante são os livros, porém Linda não lhe dá ouvidos e ainda denuncia o marido, fazendo com que Montag busque refúgio na "Terra dos Homens-Livros", um local distante onde as pessoas leem as obras e memorizam, na esperança de um dia poderem repassar o conteúdo novamente para os livros.
O interessante na "Terra dos Homens-Livros" é que cada morador é uma obra literária ou filosófica, seja de Jean-Paul Sartre, Jane Austen, Lewis Carroll, Edgar Allan Poe, e tantas outras obras. Dentre milhares de obras fantásticas que já li, certamente eu salvaria o clássico de Victor Hugo, "Os Miseráveis".
"Fahrenheit 451" é uma história distópica e sombria, não consigo imaginar como seria o mundo sem livros. O poder da leitura transforma leigos em sábios, sendo capaz de modificar uma nação inteira, por isso o conhecimento amedronta tanto aqueles que detém o poder. Outra coisa que chamou minha atenção nessa obra foi a manipulação que a televisão tem sobre as pessoas, transformando-as em alienadas. Assistir TV era o programa preferido das pessoas, havia uma espécie de familiaridade entre os apresentadores e seus telespectadores.
O que impressiona é como a obra {filme e livro} é tão atual, esse trecho comprova essa minha afirmação: "...Depois, no século vinte, acelere sua câmera. Livros abreviados. Condensações. Resumos. Tabloides. Tudo subordinado às gags, ao final emocionante. Clássicos reduzidos para se adaptarem a programas de rádio de quinze minutos, depois reduzidos novamente para uma coluna de livro de dois minutos de leitura, e, por fim, encerrando-se num dicionário, num verbete de dez a doze linhas..."
Parece que estamos caminhando em direção a um futuro distópico e assustador.
PUNGENTE; INQUIETANTE; REFLEXIVO
Duração: 112 minutos
Categorias: Ficção Científica, Drama, Clássico
Classificação: 12 anos