A Cor do Paraíso (1999): drama iraniano intenso sobre a vida - Dicas de Filmes Pela Scheila

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quinta-feira, junho 06, 2019

A Cor do Paraíso (1999): drama iraniano intenso sobre a vida

A Cor do Paraíso é um filme de drama iraniano escrito e dirigido por Majid Majidi, que também dirigiu Crianças do Sol (2020), A Canção dos Pardais (2008), Entre Luzes e Sombras (2005), Baran (2001), Filhos do Paraíso (1999) e O Pai (1996).

A Cor do Paraíso
Mohsen Ramezani e Elham Sharifi em cena no filme "A Cor do Paraíso"

Sinopse - Na trama conhecemos a história de Mohammad (Mohsen Ramezani), um menino deficiente visual. A impossibilidade de ver o mundo reforça mais ainda sua habilidade em sentir suas poderosas forças e, através dele desvendamos um pouco do Irã, seus bosques, florestas, flores, mar e pássaros, em um cenário deslumbrante. 

Mohammad estuda e mora em uma escola para deficientes visuais. Nas férias, ele volta para seu vilarejo no interior do país, onde convive com as irmãs (Farahnaz SafariElham Sharifi) e sua avó (Salameh Feyzi), uma senhora adorável. Ele é um garoto de extrema sensibilidade, sobretudo para se relacionar com pássaros que sugerem liberdade. Seu jeito simples de 'ver o mundo' é uma lição de vida para todos nós.

O pai (Hossein Mahjoub), que é viúvo, deseja recomeçar a vida, quer se casar novamente e para isso necessita se apresentar a família de sua pretendida com todos os costumes e rituais da religião. Mohammad se torna um empecilho na vida daquele homem sofrido, mas não podemos julgá-lo, ele tem os seus motivos e a todo instante vemos o desespero e a tristeza no seus olhos.

Certo dia, Mohammad vai escondido à escola do vilarejo com suas irmãs, lá ele demonstra muito mais conhecimento e desenvolvimento de leitura que os outros alunos. Seu pai descobre e antes que todos saibam do filho cego, o leva para ser aprendiz de carpinteiro com a desculpa de que ele precisa aprender uma profissão.

Percebemos claramente que ele estava se livrando do menino, mas a vida a todo momento surpreende e as reviravoltas no filme acontecem para que repensemos a situação e aprendamos alguma lição com tais circunstâncias.

Após o garoto ir embora, sua avó fica muito triste e adoece, ela decide ir também, mas devido a fraqueza, ela cai e acaba falecendo. A morte da idosa faz com que a família da noiva desista do casamento, pois foi considerado mau agouro. Tomado pela tristeza, o pai vai buscar o garoto, mas o destino novamente irá surpreender.

Uma obra repleta de sutilezas

A Cor do Paraíso é de uma beleza inigualável, os diálogos são inesquecíveis, um dos mais lindos é com o carpinteiro que também é cego, onde o garoto questiona Deus e sua própria condição de cego, afirmando que ninguém gosta dele por ser deficiente visual. Meu coração ficou despedaçado, foi impossível não derramar várias lágrimas.

Sem dúvida, a cegueira de Mohammad é a cegueira de nós ocidentais que pensamos que a liberdade está em possuir bem materiais, no entanto, a verdadeira liberdade está na vida simples. A muito tempo percebo que, quanto mais conforto desejamos, mais ficamos presos a metas e nos distanciamos da tão sonhada liberdade, e consequentemente, nos afastamos da verdadeira felicidade.

A Cor do Paraíso é um filme sobre as complexidades humanas, as pequenas sutilezas, o lado simples da vida. Conhecemos um Irã encantador, de paisagens que fazem bem aos olhos e alma, um país totalmente diferente daquele que a mídia mostra com guerras, fanatismo religioso e destruição. Foi um dos filmes mais belos e sensíveis que assisti, uma obra marcante e com paisagens paradisíacas. O cenário natural, com lindas cadeias montanhosas transmitem paz e serenidade. A sensação após o término foi de estar mais serena, pronta para atravessar qualquer obstáculo.

Ficha técnica

Título original: Rang-e Khoda 
Duração: 90 minutos
Gênero: Drama, Aventura, Família
Classificação indicativa: Livre
País de origem: Irã
Ano de lançamento: 1999