Lançado em 2002, "A lá Folie... Pas du Tout" foi dirigido pela cineasta Laetitia Colombani, que também assina o roteiro ao lado de Caroline Thivel. O filme, além de ser um filme incrível, retrata perfeitamente a "erotomania" com grande sutileza e delicadeza. 

Para quem desconhece o termo "Erotomania" vai uma breve explicação: consiste na convicção delirante de uma pessoa que acredita que outra pessoa está secretamente apaixonada por ela. Alguns erotomaníacos acreditam que a pessoa por quem estão apaixonados se comunica de maneira sútil como gestos de postura, arrumação de determinados objetos na casa, etc. É um transtorno da linha das psicoses também conhecido por Síndrome de Clérambault.

Na trama conhecemos Angelique (Audrey Tautou), uma artista plástica que se apaixona loucamente pelo médico Loïc (Samuel Le Bihan). No entanto, o cardiologista é casado com a advogada Rachel (Isabelle Carré).

Na primeira metade do filme acompanhamos o ponto de vista da Angelique, que acredita cegamente que Loïc a ama, e que vai se divorciar e viajar para Florença com ela.

Porém, os amigos de Angelique percebem que o médico não quer nada sério com a garota e tentam alertar que ela é apenas uma amante que está sendo usada como uma simples diversão, mas Angelique acredita que Loïc a ama de verdade.

Essa primeira parte do filme é um pouco chatinha devido os clichês. Mas na segunda parte vem a surpresa, o médico nunca teve caso com Angelique, ele só conhecia a garota de vista. Angelique, com aquele jeito de menina meiga conseguiu enganar a todos, mas ela sofre de uma grave patologia conhecida como Erotomania.
Esse amor doentio que Angelique alimenta em seu coração acaba transformando a vida do médico num verdadeiro pesadelo, prejudicando seu casamento e sua carreira. No meio dessa turbulência que é a vida de Angelique, conhecemos David (Clément Sibony), o amigo leal e apaixonado pela garota, que tenta conquistá-la, inutilmente, pois Angelique não quer mais ninguém além do médico. O desfecho é daqueles surpreendentemente perfeito.

Paixão ou loucura

A genialidade deste filme é justamente mostrar primeiro a visão de Angelique, só na segunda parte é que vamos descobrindo os pequenos detalhes que fizeram a garota fantasiar esse romance. "Bem Me Quer, Mal Me Quer" é um dos filmes mais incríveis que já assisti. O enredo é bem construído, sendo perturbador na medida certa. Todos nós se apaixonamos, mas existem pessoas que vão além dos limites da paixão, chegando ao ponto máximo da loucura.

"Bem Me Quer, Mal Me Quer" é um filme raro, delicado e doentio, perfeito para quem gosta de analisar a mente humana e seus segredos mais ocultos.  E fica a dica: "nunca aceite flores de estranhos, pois nem tudo é aquilo que parece ser".

Duração: 94 minutos
Categorias: Drama, Thriller

Classificação: 14 anos