"Roma" é uma obra de arte de rara beleza que carrega grandiosas mensagens. Este drama foi escrito e dirigido por Alfonso Cuarón, que também o produziu, co-editou e cinematografou. 

Recebeu indicações ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia, Melhor Mixagem de Som, Melhor Direção de Arte e Melhor Edição de Som.

A trama se passa no início dos anos 70, na Cidade do México, e gira em torno de Cleo (Yalitza Aparicio), que trabalha como doméstica na casa de Sofia (Marina de Tavira). Na casa também mora o esposo de Sofia, Antonio (Fernando Grediaga), os quatro filhos do casal, a mãe dela, Teresa (Verónica García), e outra empregada, Adela (Nancy García).

Cleo é descendente de tribos indígenas Mesoamericanas, sua rotina é cuidar da casa, da alimentação da família e levar as crianças à escola. Nos dias de folga, ela frequenta um barzinho, onde conhece Fermín (Jorge Antonio Guerrero), praticante de artes-marciais, com o qual engata um romance. O breve romance gera um fruto, no entanto, Cleo é abandonada grávida. 

Sofia dá total apoia a Cleo, mesmo com sua vida familiar desmoronando, pois descobre que Antonio a abandonou para viver com outra mulher. Enquanto a barriga cresce, Cleo continua sua rotina de cozinhar, limpar e cuidar das crianças, mas ela sabe que problemas ainda maiores se aproximam...

"Roma" é um filme de sutilezas. Amado por tantos, e odiado na mesma proporção (faço parte dos primeiros). Eu amei cada segundo deste filme porque mostra a vida como ela é: simples, rotineira, ora suave, ora intensa, por vezes amarga, mas na maioria é doce. A vida real não tem festas pomposas, nem glamour, muito menos dramatização. Assistir "Roma" é viver uma vida além da nossa.

Sobre a fotografia nem tenho muito o que comentar, é simplesmente impecável, tenho verdadeira adoração por filmes modernos feito em preto e branco. Também gostei dos planos sequência com a câmera estática. "Roma" é um filme intimista, à medida em que a câmera do diretor passeia lentamente pelas cenas, conhecemos detalhes de sua própria história. 

Nem todos os espectadores gostaram do filme, de certa forma é compreensível, afinal, "Roma" é um filme contemplativo. Sua essência está justamente na lentidão. Retrata a vida de pessoas comuns, enfatizando acontecimentos corriqueiros. O que vemos são fragmentos da nossa vida, simples, adorável e chata, às vezes.

"Roma" é um filme de camadas, por isso não indico para quem busca apenas um entretenimento. É preciso mais que paciência, é preciso adentrar na história mostrada para captar todas as nuances que obra oferece. "Roma" é um filme reflexivo que carrega no roteiro vários questionamentos, seja sociais ou existenciais. Um filme que edifica a alma, particularmente saí mais sábia depois de ver essa preciosidade.