"Viajar é útil, exercita a imaginação. Aliás à primeira vista todos podem fazer o mesmo. Basta fechar os olhos. É do outro lado da vida."

"La Grande Bellezza", do cineasta Paolo Sorrentino, é um caso raro no mundo cinematográfico, afinal, são poucos filmes de arte que conseguem sucesso comercial. E, este filme é arte pura, ou melhor, é uma grande crítica sobre a percepção das artes no mundo de hoje, onde, ao que parece, A Grande Beleza perdeu o seu lugar lugar.

Lançado em 2013, esse belo filme italiano escrito por Sorrentino em parceria com Umberto Contarello, concorreu o Palma de Ouro no Festival de Cannes. Ganhou o Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. 

A trama gira em torno do jornalista Jep Gambardella (Toni Servillo), um bon vivant convicto que aprecia ao máximo os prazeres que seu dinheiro pode comprar. Ele tem 65 anos de idade, e desde o grande sucesso do seu único romance, escrito décadas atrás, ele não concluiu nenhum outro livro.

Ele vai percorrendo por cenários, paisagens e eventos culturais e íntimos, todos possuem algum significado aparente, mas se observados com um olhar atento, todos levam o jornalista para um estado bem pós-moderno de espírito: o vazio. 

E nós, meros espectadores, mergulhamos juntamente com o protagonista, nesse mar de sentimentos. "A Grande Beleza" é um filme indicado para os sensíveis que conseguem captar a beleza nas coisas que outras pessoas nada veem. É um filme sensorial, é preciso sentir a obra para compreender todos os seus significados.

Ao longo dos 142 minutos de narrativa vemos uma crônica da vida contemporânea. As críticas são inteligentes, sarcásticas e, por vezes agressivas, sempre com o mesmo propósito, a busca pela grande beleza. Aqui, pompa e decadência, mentiras e verdades, luxo e misérias são mostrados com excelência. "A Grande Beleza" é rico em detalhes e simbolismos, o qual deve ser visto diversas vezes, somente assim é possível captar todas as nuances desta obra magistral do cinema europeu.

Por se assemelhar a uma obra teatral, "A Grande Beleza" não agrada todos os públicos. Mas o filme vai muito além das performances, é sobre a arte e sobre a vida, é sobre a valorização da aparência e o esquecimento da essência, é sobre o vazio tão sentido pelas pessoas nos dias de hoje. Sem dúvida é um belo filme, contemplativo e melancólico que fala das belezas mundanas, atrativas e vazias.

Mais detalhes do filme na página do IMDb

Duração: 142 minutos

Categorias: Drama

Classificação: 14 anos

Minha Nota: 9,3