segunda-feira, janeiro 30, 2023

O Porteiro da Noite (1974): drama absurdamente constrangedor

O Porteiro da Noite é um drama amargo e perturbador sobre uma relação doentia entre a vítima e seu algoz. Foi dirigido por Liliana Cavani que co-escreveu o roteiro junto de Italo Moscati, Barbara Alberti e Amedeo Pagani.

Dirk Bogarde e Charlotte Rampling em cena no filme "O Porteiro da Noite"

Sinopse - A história se passa doze anos após o término da Segunda Guerra Mundial. Conhecemos Lúcia (Charlotte Rampling), uma jovem mulher judia que acompanha seu marido durante uma turnê. O casal se hospeda em um luxuoso hotel onde Maximilian (Dirk Bogarde) trabalha como porteiro da noite.

Quando o inevitável encontro entre eles acontece, descobrimos que no passado Max foi um oficial da SS e Lucia era uma prisioneira do campo de concentração de Viena. Através de flasbacks nos é revelado que Max abusava sexualmente da jovem judia. O reencontro abre as feridas nunca cicatrizadas e reacende uma estranha relação de dominação e submissão que eles tiveram durante o Holocausto.

Obcecado pela mulher, Max rapta Lucia do hotel e a leva para o seu apartamento. Enquanto isso, Klaus (Philippe Leroy) e Hans (Gabriele Ferzetti) temendo serem julgados por seus crimes de guerra, elaboram um plano para "arquivar" a testemunha. Max afirma veemente que não entregará Lucia para se arquivada.

Diante da ameaça eminente de perder a mulher que diz amar, Max pede demissão, estoca mantimentos e se tranca no apartamento com Lucia. A partir daí eles dão continuidade a relação sadomasoquista que tiveram no passado e sucumbem às loucuras e desejos.

Uma história sobre abusos e loucura

O Porteiro da Noite foi um dos filmes mais difíceis de assistir até o final por ter um conteúdo extremamente perturbador. Não é um filme sobre Holocausto propriamente dito, mas sobre situações vividas dentro dos campos de concentração. A maioria dos nazistas eram sádicos e enxergavam nos prisioneiros as circunstâncias ideais para colocar em prática seus desejos mais insanos. Mulheres e crianças eram as maiores vítimas. Acredito que torturas psicológicas e sexuais, sadomasoquismo e pedofilia era práticas comuns naqueles ambientes de extremo horror.

O filme traz algo ainda mais horripilante: quando a vítima gosta de ser torturada. O enredo é incômodo, algumas cenas são repugnantes. A violência mostrada não é gratuita e isso torna o filme ainda mais desagradável. Entretanto, O Porteiro da Noite é ótimo um estudo psicológico sobre sadomasoquismo, um vício altamente destruidor, também é um estudo sobre a "Síndrome de Estocolmo" onde a vítima desenvolve um vínculo com o agressor.

O Porteiro da Noite é um filme de camadas, uma mais indigesta que outra. Não é para todos, é pessimista, amargo, destrutivo. Não sou uma pessoa impressionável, dificilmente filmes me abalam, mas depois que assisti O Porteiro da Noite passei dias tentando digerir certas cenas. O desfecho é de um amargor dilacerante

Ficha técnica

Título original: Il Portiere di Notte

Duração: 118 minutos

Gênero: Drama

Classificação indicativa: 16 anos

País de origem: Itália, França

Ano de lançamento: 1974

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