domingo, setembro 04, 2022
Hiroshima, Meu Amor (1959): a pungência de um amor proibido
Hiroshima, Meu Amor é um dos filmes mais importantes da história do cinema. O cineasta Alain Resnais foi inovador ao fazer uso de flashbacks, mas o filme ganhou mais notoriedade causa da grande polêmica de ser tirado da competição oficial do Festival de Cannes daquele ano por ser considerado ofensivo aos descendentes de alemães. O roteiro foi escrito por Marguerite Duras.
Emmanuelle Riva e Eiji Okada em cena no filme "Hiroshima, Meu Amor" |
Sinopse - O ano é 1957. Uma linda atriz francesa (Emmanuelle Riva) participa das filmagens de um novo filme sobre a paz, na cidade japonesa de Hiroshima, devastada durante a Segunda Guerra Mundial por uma bomba atômica, lançada pelas tropas americanas.
Durante o tempo que fica em Hiroshima, ela conhece um arquiteto japonês (Eiji Okada). Ambos são casados, mesmo assim surge uma paixão ardente eles e decidem viver uma história de amor no espaço de 24 horas, pois no dia seguinte, ela retornará à França.
Abraçados, eles conversam sobre a infância, problemas cotidianos, e principalmente onde estavam no dia em que os americanos lançaram a bomba atômica sobre Hiroshima: ele servia ao exército japonês e estava nos campos de batalha; ela era uma jovem numa pequena cidade francesa que por ter vivido um amor proibido foi castigada pela família.
Quando amanhece, ela se prepara para seu último dias de filmagens e ele resolve acompanhá-la. Após o término do trabalho, a casal vai até o bar onde se conheceram na noite anterior, lá conversam e enquanto ele tenta convencê-la a permanecer em Hiroshima, ela relembra a perda sofrida no passado quando um jovem soldado alemão, que ela amou em Nevers, França, foi morto no dia em que a cidade foi libertada pelas forças aliadas.
E assim, as memórias do passado vagueiam incessantemente por sua mente e, por vezes, chegam a controlar suas atitudes no presente. Ela é uma jovem que foi torturada pela própria família; ele é um sobrevivente da bomba atômica. Um representa para o outro a possibilidade de esquecimento do passado, através da concretização do presente. Seus nomes são as cidades que representam: ela Nevers; ele Hiroshima.
Um filme sobre memórias dolorosas
Hiroshima, Meu Amor é um filme obrigatório na vida de quem gosta da sétima arte. Desde as primeiras imagens já sabemos que estamos diante de um filme único. O que vemos é dois corpos nus, abraçados, emergindo de um banho de cinzas e tornam-se uma só, e aludem aos mortos de Hiroshima, às vítimas da bomba.
O filme foi um marco na história do cinema mundial e faz parte do movimento francês Nouvelle Vague. É um filme de sensibilidade, totalmente sensorial (deve ser sentido, não compreendido), é preciso deixar envolver-se na trama para captar todas as nuances que o filme oferece. O roteiro vibra sutilezas, recheado de significados mescla história, amor, memórias, política e o horror da guerra. É impossível assisti-lo e não ser contagiado pela tensão dos personagens, pelas incertezas quanto ao futuro e pela abordagem sobre o episódio da bomba atômica em Hiroshima.
Roteiro riquíssimo, fotografia perfeita, trilha sonora impecável, frases marcantes, atuações da melhor qualidade, tudo isso juntando a uma direção segura, e o resultado só poderia ser um filme magnífico. Temos aqui uma poesia pura, de rara beleza, mas da mesma maneira como ocorre com as poesias, é preciso ter grande sensibilidade para assistir.
O filme foi um marco na história do cinema mundial e faz parte do movimento francês Nouvelle Vague. É um filme de sensibilidade, totalmente sensorial (deve ser sentido, não compreendido), é preciso deixar envolver-se na trama para captar todas as nuances que o filme oferece. O roteiro vibra sutilezas, recheado de significados mescla história, amor, memórias, política e o horror da guerra. É impossível assisti-lo e não ser contagiado pela tensão dos personagens, pelas incertezas quanto ao futuro e pela abordagem sobre o episódio da bomba atômica em Hiroshima.
Roteiro riquíssimo, fotografia perfeita, trilha sonora impecável, frases marcantes, atuações da melhor qualidade, tudo isso juntando a uma direção segura, e o resultado só poderia ser um filme magnífico. Temos aqui uma poesia pura, de rara beleza, mas da mesma maneira como ocorre com as poesias, é preciso ter grande sensibilidade para assistir.
Hiroshima, Meu Amor é um filmes esplendoroso, único, perfeito, uma poesia que ganha movimentos. Fala sobre o amor, a vida e as lembranças, e principalmente, sobre os horrores da Segunda Guerra Mundial, sobre a detonação da bomba atômica em Hiroshima, em 1945.
"Como você. Eu também tentei lutar com todas as forças contra o esquecimento. Como você, eu esqueci. Como você, eu desejei ter a inconsolável memória. Uma memória de sombras e pedras... Eu lutei decidida, com todas as forças, todos os dias, contra o horror de não mais entender o porquê de se lembrar. Como você... eu esqueci. Por que negar a evidente necessidade da memória? Ouça. Eu sei que vai acontecer de novo."
Ficha técnica
Título original: Hiroshima mon amour
Duração: 90 minutos
Gênero: Drama, Romance, Guerra, Clássico
Classificação indicativa: 18 anos
País de origem: França, Japão
Ano de lançamento: 1959