Depois de adulta, Benedetta (Virginie Efira) passa a afirmar veementemente que tem visões de Cristo. Assustada, a jovem freira procura o padre Alfonso Cecchi (Olivier Rabourdin) e em confissão  revela detalhes de suas visões, o padre no entanto lhe diz que é impossível tal fato, pois segundo as Escrituras somente o sofrimento pode levar as pessoas até Deus.

Logo depois, uma jovem assustada invade abruptamente o convento pedindo socorro. Trata-se de Bartolomea (Daphné Patakia), que tenta escapar da violência sexual praticada pelo próprio pai e irmãos abusadores. Benedetta sente compaixão da garota, ela então sugere que seu pai pague o dote para que Bartolomea tenha permissão de viver convento. Apesar das diferenças gritantes entre elas, Benedetta e Bartolomea tornam-se grandes amigas, para preocupação das outras freiras.

As visões de Benedetta tornam-se tão intensas ao ponto dela receber as chagas de Cristo. Bartolomea então passa a cuidar da amiga dia e noite. A proximidade das duas faz nascer um romance ardente e totalmente proibido pela igreja. 

Enquanto isso, a ex-abadessa, Felicita (Charlotte Rampling), tem certeza que Benedetta forjou os estigmas usando pedaços de vidro para fazer os cortes. Ela procura o Núncio Alfonso Giglioli (Lambert Wilson), em Florença e levanta acusações de heresia e blasfêmia contra a freira. Fato que desperta a atenção dos membros da Contrarreforma. 

Benedetta é um filme controverso que desperta amor e ódio nos espectadores. Conta a história de Benedetta Carlini, uma freira que afirmava ter visões de Cristo enquanto alimentava um amor carnal por uma noviça. A relação lésbica entre as freiras são os menores pecados retratados no filme, há coisas mais graves que assombrava a sociedade da época. Benedetta é na realidade um relato amargo sobre poder, violência, luxuria, intrigas, ambição, inveja, calúnias, cobiça  e hipocrisia dentro da religião. 

O enredo provocativo certamente desagrada alguns católicos mais conservadores que vão considerá-lo um sacrilégio. Há algumas cenas chocantes, mas analisando por outra perspectiva nota-se que o filme não tenta ridicularizar a religião, tenta mostrar como é fácil manipular as pessoas através da religião. Acompanhamos a ascensão e queda de Benedetta Carlini, uma mulher à frente do seu tempo ou apenas alguém que usou sua inteligência para obter vantagens pessoais. Eis minha dúvida.

O cineasta Paul Verhoeven fez um filme inquietante no seu melhor estilo. Visualmente Benedetta é excepcional, os enquadramentos lembram pinturas em tela, mesmo assim não está entre os meus filmes preferidos do diretor, Elle (2016), A Espiã (2006), O Vingador do Futuro"(1990) e RoboCop: O Policial do Futuro (1987) ainda são meus favoritos.

Benedetta é um filme curioso, provocativo, polêmico, bem atuado e bem dirigido, mas o exagero em algumas cenas torna-se incômodo (deixo claro que é apenas meu ponto de vista sobre a obra). Também senti falta de um aprofundamento sobre a saúde mental da freira, o filme não deixa claro se Benedetta Carlini foi abençoada por Deus ou se suas visões foi apenas alucinações.