"They Shoot Horses, Don't They?" é exatamente tudo o que defino como um filme desesperador. Este clássico foi dirigido por Sydney Pollack com roteiro de Robert E. Thompson e James Poe, sendo uma adaptação do romance de Horace McCoy.

Lançado em 1969, recebeu indicações ao Oscar nas categorias de Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora, Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante. Venceu na categoria de Melhor Ator Coadjuvante.
Nunca havia visto a dança como algo tão mórbido e degradante, onde a busca desesperada por três refeições ao dia, a promessa de um prêmio de 1.500,00 dólares e algumas moedas jogadas pela plateia, leva dezenas de casais desesperados em plena Grande Depressão dos anos 1930 nos EUA, a participarem de um concurso de dança num velho salão em Chicago.

Trata-se de uma maratona desumana até que o último casal sobreviva após passar por dores físicas, desconforto, humilhações e indignidades, monitorados por médicos e enfermeiras cujo papel básico é o de manter os participantes de pé à todo custo para manter a adrenalina do show.

Os participantes devem dançar durante duas horas sem parar, tem dez minutos de descanso, e voltam à ativa. Se quiserem dormir, devem fazê-lo em pé, apoiados em seus parceiros. Também não podem sentar-se para comer. Banho, necessidades fisiológicas, descansar as pernas, tudo naqueles dez minutinhos escassos. Se alguém cai, tem dez segundos para levantar-se, como no boxe.

O mestre de cerimônias é o empresário Rocky (Gig Young), filho de um charlatão que fazia shows simulando curas em parques de diversão, ele usará as lições aprendidas para manipular emocionalmente os participantes. Entre os competidores estão: Gloria (Jane Fonda), uma mulher solitária e deprimida que faz dupla com Robert (Michael Conrad), ele é um aproveitador barato.
Também participam, Ruby (Bonnie Bedelia), uma garota do campo que está grávida e seu marido James (Bruce Dern), um marinheiro (Red Buttons) e atriz aspirante (Susannah York). A maratona parece não ter fim, tudo em nome do entretenimento guiado pelo apresentador que leva esperança e ânimo às suas marionetes, exploradas até o último limite de suas forças físicas e psicológicas.

"A Noite dos Desesperados" é um filme relevante e com uma história bem atual, basta analisar o simples fato de existirem tantas pessoas desesperadas para participarem dos programas de auditório sensacionalistas, ficando à merce de todo tipo de humilhação por causa de míseros cachês. A exploração da miséria humana tornou-se uma constante em alguns programas de TV, especialmente os reality shows. 

"A Noite dos Desesperados" é um drama pesadíssimo, denso, sofrido.  Sentimos a agonia e o sofrimento dos personagens que veem suas esperanças se esgotando a cada novo chamado para comparecerem ao palco. Filme excelente para reflexão, recomendo.