"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."

"Blidness" é um filme sensacional dirigido por Fernando Meirelles, mesmo diretor de "Cidade de Deus" e "O Jardineiro Fiel". O roteiro foi baseado no livro de mesmo título, escrito pelo português José Saramago, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. 

O filme abriu o Festival de Cannes de 2008 e é uma coprodução do Brasil, Canadá e Japão. As filmagens aconteceram em Toronto, no Canadá, em São Paulo e Osasco no Brasil e em Montevidéu no Uruguai.

A trama tem início numa grande metrópoles, onde o trânsito é parcialmente paralisado quando um motorista (Yusuke Iseya) não consegue dirigir por ter ficado cego repentinamente. Ele recebe ajuda de um homem (Don McKellar) que acaba roubando seu carro.

Na manhã seguinte, o rapaz cego vai consultar um oftalmologista (Mark Ruffalo), acompanhado da esposa (Yoshino Kimura). O médico não descobre nada de errado com os olhos do rapaz que diz ter uma 'luz branca' impedindo a sua visão. Estranhamente, todas as pessoas que tiveram contato com o rapaz também perdem a visão: o médico oftalmologista, o ladrão, sua esposa e os pacientes que estavam na sala de espera no momento em que o rapaz chegou ao consultório.

O governo trata a doença como uma epidemia chamada por 'cegueira branca' e imediatamente coloca os primeiros infectados de quarentena, em uma instalação vigiada o tempo todo por soldados do exército. A esposa do oftalmologista (Julianne Mooroe) é a única que não é afetada, mas finge estar com a doença para acompanhar o marido em seu confinamento.

No entanto, os serviços oferecidos pelo Estado começam a falhar e as pessoas confinadas passam a lutar por suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários. Após uma briga generalizada entre os grupos confinados na quarentena, um incêndio se inicia, tornando a situação ainda mais caótica.

A esposa do médico sendo a única com visão, guia seu grupo até os portões da instalação e descobre que estão abertos, mas ao sair, todos descobrem que a 'cegueira branca' tomou conta da cidade e do mundo todo.

A cegueira é apenas um símbolo que representa a fragilidade dos valores humanos e dos pilares da sociedade atual. Com o fim de todas as regras básicas de convivência e quando o ser humano tem apenas dois lado para escolher, muitos mostram quem realmente são: egoístas, mesquinhos, manipuladores, deixando o seu pior lado aflorar.

A direção do filme é impecável. A câmera nem sempre focaliza o rosto da pessoa que está falando, dando preferência a objetos ou outras partes do corpo, como as mãos. A fotografia quase sempre clara, em tons de cinza, nos faz adentrar na trama. Impossível não sentir a agonia dos personagens. Assistir esse filme é sentir um 'nó na garganta' a cada nova cena e, vamos desvendando a hipocrisia humana nesse verdadeiro espiral de horror com toques de humor negro. "Ensaio Sobre a Cegueira" é um filme sensorial, feito para sentir cada cena, refletir cada diálogo, captar cada imagem. 

Duração: 121 minutos
Gênero: Drama, Ficção Científica, Mistério

Classificação: 16 anos

Minha Nota: 10,0